Comédia em Portugal

Um olhar sobre a Comédia em Portugal.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Carlos Moura

- O que o levou a entrar no Stand-Up Comedy??

Foi um acidente de percurso. No início de 2003, alguém me mostrou um anúncio sobre o 1º Festival de Stand-Up Comedy, em Braga. Como tinha experiência de rádio e teatro e gostava deste género de humor, decidi inscrever-me, mais com o objectivo de conhecer pessoas e de me divertir. A coisa acabou por ser muito mais a sério do que inicialmente pensei, com um júri de luxo presidido por Raúl Solnado. Acabei por ficar em terceiro lugar e conhecer muita malta da área...

- Foi difícil ingressar neste tipo de comédia e posteriormente, o passo que para apresentador de televisão?

Não foi difícil; pelo contrário, as coisas sucederam-se de forma quase contínua... Graças ao Festival de Stand Up, comecei a ser convidado para actuar em bares e auditórios, ao mesmo tempo que a SIC me lançou o convite para ir ao "Levanta-te e Ri". A partir daí e depois de mais de duas dezenas de actuações no "Levanta-te", as coisas aconteceram naturalmente. Fiquei bastante surpreendido quando me convidaram para apresentador de televisão... Mas é tudo uma espécie de sucessão de eventos naturais. Não foi difícil mas tem sido trabalhoso: a maioria das pessoas não se apercebe de que tudo isto significa trabalho e método... 15 minutos de Stand-Up são umas quantas páginas A4 de textos, que representam tempo e insistência, muitas notas e muitas, muitas horas de tentativas...

- Deixar a local onde nasceu para ir viver para Lisboa foi complicada essa adaptação?

Eu nasci em Moçambique e saí de lá com 2 anos, por isso não foi difícil... Agora a sério: eu, além de estar habituado a mudanças, gosto de Lisboa. É uma cidade com vida, com ritmo. E sinto-me bem, apesar das saudades de alguns amigos mais distantes.

- Soube que a sua carreira não se baseia apenas numa área restrita, para além de apresentador de televisão, humorista, já exerceu actividades completamente distintas, é verdade?

Sim, já fiz um pouco de tudo... Com 15 anos andei nas obras durante as férias para conseguir dinheiro para as férias... Desde então, trabalhei 10 anos em rádio, fiz fotografia (que ainda faço como hobbie) e trabalhei três anos como designer gráfico, que ainda considero a minha profissão paralela... Isto além de alguns biscates enquanto miúdo... Sempre gostei de me mexer, sei lá.

Que projecto tem em mente para um futuro próximo?

Muitos, espero conseguir concluir alguns deles... Para já, estou a preparar uma série de humor para a televisão, estou a acabar uma peça de teatro e tenho um livro em banho-maria. Além disto, continuo a fazer comédia Stand-Up, é uma espécie de ginástica que me apetece manter para ficar em forma.

Qual o seu objectivo máximo a nível profissional?

Fazer o que gosto e viver disso. Esse é o meu maior objectivo. Gostava de experimentar cinema, por exemplo. E de conseguir fazer com que as pessoas pensem em coisas sérias com um sorriso nos lábios.

- É difícil viver apenas do Stand-Up Comedy em Portugal?

É muito difícil. Não temos Clubes de Comédia, espaços especializados ou um circuito de actuações que garanta sustentabilidade, o que impede a existência de um fluxo seguro de rendimentos. Mas com algum jogo de cintura e algumas gargalhadas, a coisa aguenta-se. Mas pelo menos, é uma profissão divertida, mesmo quando só nós lhe achamos piada...

CARLOS MOURA - O perfil

Nome: Carlos Moura

Idade: 31

Signo: Balança

Prato Preferido: qualquer um na companhia de amigos

O que mais adora: sentir que estou a ser produtivo

O que mais detesta: sentir que não estou a ser produtivo

Alguém que admira: Douglas Adams