Comédia em Portugal

Um olhar sobre a Comédia em Portugal.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Gato Fedorento VS Penim

Um mês depois de O Gato Fedorento ter batido com a porta da SIC, o director da SIC Radical fala sobre o assunto. Numa altura em que no mercado televisivo se ventila a hipótese de Francisco Penim vir a ocupar um alto cargo executivo na SIC generalista, um dos homens em quem Balsemão mais confia aceitou falar ao DN sobre os dois casos que agitam Carnaxide. Uma entrevista prudente, feita de muitos silêncios...
Como se sente por ter perdido o Gato Fedorento?
(pausa) Não quero falar sobre isso.
Já se ouviram quase todas as partes ligadas ao processo. Só falta você falar...
É um assunto interno da SIC, entre mim, o Manuel Fonseca e os Gatos e eu não faço mais comentários.
Ao não fazer comentários, está a alimentar mais essa polémica...
Não vai adiantar nada, não vai mudar o desfecho das coisas.
Não quer alimentar guerras?
(pausa) Sim, não vale a pena.
Mas há alguma guerra para alimentar...
(silêncio)
A sua versão não serviria para desanuviar o clima de intriga palaciana criada ao redor do caso?
Acho que não. Qualquer palavra minha sobre os Gatos pode ter uma segunda interpretação.
Os Gatos queixaram-se de não terem sido ouvidos quanto à exibição de episódios na SIC generalista. As minhas responsabilidades não são perante a SIC generalista. E como director dos temáticos, digo-vos que os Gatos vão continuar no ar, enquanto os direitos permitirem.
Mas não é a mesma coisa...
Não sei. Os Gatos tiveram zero por cento de audiência na sua estreia e hoje as repetições têm muito mais. E vou continuar a repeti-las. Tenho esses direitos e vou usá-los.
Mesmo se os Gatos aparecerem num outro canal da concorrência?
Não tenho isso pensado, mas não vejo qualquer problema.
Costuma dizer que é um treinador que gosta de falar com os seus jogadores sobre a táctica. Admite que a saída dos Gatos poderia ter sido evitada se o outro treinador tivesse a mesma lógica?
(risos) Não vos vou responder a essa pergunta. Desculpem.
Percebe que uma não resposta é uma espécie de consentimento?
Percebo (risos). Mas não digo mais nada sobre isso. Eu não tenho responsabilidades nesse campo.
Esta entrevista é enigmática e o seu silêncio revelador. Tem consciência?
(risos) O silêncio será interpretado da forma que as pessoas quiserem.
A sua relação com os Gatos era de amizade ou meramente profissional?
Sou amigo dos Gatos.
Portanto, a relação com a SIC deriva de uma relação Gatos-Penim...
(pausa) Eu lembro-me do dia em que os Gatos chegaram à SIC com uma mão à frente e outra atrás e me disseram "Eh, pá, vê lá se isso tem piada..." Não me esqueço.
Porque é que achou relevante recordar esse episódio?
Porque não me esqueço disso.
Mas no contexto dos seus silêncios, dizer isso agora pode ser entendido como um recado aos autores...
Eu não tenho que lhes mandar recados, porque ninguém se vai esquecer que o fenómeno Gato Fedorento acontece na SIC Radical.
Ao passar episódios na SIC generalista, a empresa violou algum acordo?
Não. Contratos são contratos. E as pessoas têm de respeitar isso. Legalmente, a coisa podia ser feita.
E moralmente? Admite que tenha havido qualquer falha de comunicação?
(pausa) As pessoas têm de viver com as atitudes que tomam. E a minha atitude é esta. O meu silêncio é muito importante neste caso.
Tem esperança que os Gatos reconsiderem a sua posição?
Parece-me inevitável que as pessoas honrem as suas decisões. Eu não volto atrás com a minha palavra, ou seja, não quero falar mais sobre este assunto.
Admite, algum dia, vir a contar tudo o que lhe apetece dizer agora?
Eu não tenho resistência à mudança. Admito falar mais tarde.
Mas é porque ainda é cedo para falar ou porque o ambiente actual na SIC é propício a várias leituras?
Na minha vida profissional nunca liguei a rumores, nem alimentei boatos. Acho que todo este processo Gato Fedorento é absurdo. E eu não gosto de coisas absurdas.