Rui Xará
Em entrevista ao Póvoa Semanário e à Rádio Mar, e à margem do aniversário, Rui Xará confessou que quando entra para um espectáculo tem sempre "grandes expectativas", apesar de reconhecer que, agora, o seu entusiasmo está mais concentrado no programa "Partir o Coco" que foi para o ar, na antena dos 89 FM, na passada segunda-feira. É que, justificou, ali no Auditório, a plateia não pretendia assistir a um espectáculo de humor, tanto mais que, e segundo Rui Xará, a assistência era constituída, sobretudo, "por Floribellas". E por isso mesmo, e à semelhança do que tem previsto para a Rádio, o humorista anunciou que vai ter "algum cuidado com a linguagem". Não pode "correr o risco de ferir susceptibilidades". Apesar de, sublinhou, ser algo que gosta "muito de fazer". Porquê? "A maior parte das pessoas, cujas susceptibilidades são feridas, só o são por hipocrisia". É que na vida real fazem "coisas bem piores do que aquelas que acabaram de ouvir". Por outro lado, prosseguiu, também é verdade que "o palavrão faz parte da nossa vida".
Para Rui Xará, e seguindo ainda a problemática ou a temática do humor, há uma forma ainda mais elevada de o fazer, que não é a "Stand Up Comedy", mas sim o cartoonismo. "Um gajo que consegue, em três quadradinhos, pôr as pessoas a rir, é brilhante". No caso da Stand Up, o que nós tentamos fazer é "ir para junto das pessoas, abaná-las e dizer-lhes para estarem atentas ao que se passa à sua volta". "Se fizermos uma piada sobre política, é para alertar!". O humorista também lamentou o facto de hoje, as pessoas continuarem a salvaguardar-se na religião, nos "santinhos e nas procissões de joelhos". E é neste contexto que Rui Xará gosta de "espicaçar".
E porque na noite da festa da rádio estava a actuar para uma plateia onde o público-alvo predominante era "abaixo dos 15 anos ? que só vêem os "Morangos com Açúcar e a Floribella" e só sabem o nome do primeiro-ministro porque o ouviram muitas vezes", ficaram de fora as piadas ditas "inteligentes". E exemplificou: se disser que "na Palestina as mães quando levam os filhos ao autocarro anunciam: ?lá vai o meu rebento?, ninguém se vai rir disto porque não percebem a subtileza do trocadilho". O segredo do sucesso nestas actuações é, referiu, "o enterteiner conseguir que o público, no final do espectáculo, se adapte ao que está a dizer, e não o contrário".
E também é verdade que o sexo é sempre algo que "pega" pois as pessoas gostam sempre deste tema. Aliás, ironizou, "quando Deus inventou o sexo mostrou o seu sentido de humor!". A terminar, referiu, que nesta fase que atravessamos, "as pessoas precisam cada vez mais de se rir". O curioso, apontou, "é como é que as pessoas se conseguem continuar a rir". Primeiro, porque, e tendo em conta os aspectos sérios, "não dá vontade de rir ou já só dá vontade de rir". E segundo, é que, e devido ao facto de nos últimos dois anos ter havido um surto de "humoristas", há que ter cuidado "para não se cair na repetição, o que pode provocar algum cansaço". Quando isso acontece, "pode recorrer-se à anedota, que é a melhor forma de preservar o humor".
E apesar de considerar que o termo "Stand Up Comedy" começa a estar vulgarizado em Portugal, acha igualmente que este tipo de humor não começou da melhor forma no nosso país. O "Levanta-te e Ri", o programa da SIC, que lançou estes humoristas, não é "Stand Up Comedy". Porque "não é num teatro, com pessoas sentadas de braços cruzados, que vamos conseguir diverti-las". Esta fórmula implica, explicou, "um bar, onde se fuma e se bebe e há gajos que aplaudem se gostam, ou insultam, caso não gostem".
A outra grande intervenção da noite foi a de Paulo Baldaia que trabalha no aeroporto Sá Carneiro e, nos tempos livres, ?faz humor?. Aliás, e a propósito da sua actividade profissional, lembrou que o aeroporto do Porto deve ser o único no mundo que "tem o nome de uma pessoa que morreu num acidente de avião". Uma ironia mórbida que também fez rir a plateia. Em entrevista ao Póvoa Semanário, explicou que não prepara espectáculos, porque há que dar uma "espreitadela" para o público para ver "como é". A partir daí, é que tem "alguns cuidados".
Também Paulo Baldaia defende que as pessoas "precisam destes momentos de humor porque a vida não está para rir". Além de que, "faz bem a saúde e, a seguir à natação, é a actividade que movimenta mais músculos". O Stand Up Comedy teve um "boom" com o programa "Levanta-te e Ri", mas depois estagnou um pouco, sobretudo com a chegada do Verão. Agora, e mesmo depois de o programa ter acabado, esta fórmula voltou a ser requisitada. "As pessoas estão mais receptivas também porque já não vêem este tipo de actuação na televisão". Em relação à rubrica "Partir o Coco", Paulo Baldaia espera, desde logo, "que as pessoas se riam". Depois, defendeu, e porque se trata de um programa transmitido a nível local, é certo que quem ouve estas rádios "são, normalmente, pessoas mais apaixonadas pelos cantores e por aquilo que ouvem".
Depois destas entrevistas, abriram-se as cortinas e começou o espectáculo com críticas à TVI, que teve uma apresentadora do jornal Nacional que já trabalhou num circo. Rui Xará relembrou que, nessa altura, "Manuela Moura Guedes abria a boca para o leão meter a cabeça". Com humor, música e números de ginástica, a noite terminou em grande com uma actuação conjunta de Rui Xará e Paulo Baldaia. As cortinas fecharam-se cerca da 00h30 com os parabéns à Rádio Mar. No próximo ano, haverá mais. Até lá, ficamos consigo e com muito prazer!
2 Comments:
E não há mais humoristas? revejam lá a lista, retirem pelo menos 2 nomes, acrescentem outros e vão ver que quem gosta de humor agradece. Ah, e esta é a minha estreia nestas andanças da net.
O meu voto vai para Rui Xará, Pedro Neves e Paulo Baldaia... saudades do Púcaros!!!
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