Comédia em Portugal

Um olhar sobre a Comédia em Portugal.

quarta-feira, dezembro 27, 2006

SIC Comédia termina de vez por falta de distribuidora

O futuro do canal SIC Comédia está traçado. Termina a 31 de Dezembro. A SIC não chegou a acordo com a Cabovisão, a segunda maior operadora nacional e a única que, neste momento, poderia oferecer condições que garantissem a sua sobrevivência.

"Confirma-se que não chegamos a acordo com a Cabovisão por questões de natureza financeira", disse ontem fonte do grupo Impresa, que detém a SIC.

Em final de Novembro, foi divulgada a saída da SIC Comédia da TV Cabo, a maior operadora nacional. Chegado aqui, a SIC anunciou que ia bater à porta de outras operadoras para garantir a sua distribuição. A oferta da Cabovisão era determinante, por ser uma empresa de forte implantação no mercado.

Refira-se que até 31 de Dezembro a SIC Comédia era negociada com as outras operadoras através da PT Multimédia, proprietária da TV Cabo. Assim que o canal saltou desta empresa - trocou o contrato que detinha até 2009 com a SIC Mulher - ficou a SIC com os conteúdos para negociar.

Francisco Penim referiu ontem à agência Lusa que o canal era "rentável, viável e com audiências". O director de Programas que coordena os canais temáticos salientou que o cancelamento da SIC Comédia foi uma "proposta" da TV Cabo. "Não era uma coisa que a SIC queria".

O contrato com a TV Cabo estava definido na dependência dos assinantes e não das audiências. Ontem, a TV Cabo recusou-se a comentar as declarações de Francisco Penim. Para justificar o cancelamento do canal, há 15 dias, apontou a complementaridade de conteúdos que oferecem outros canais.

Acrescente-se que a PT revelou, nos resultados relativos ao terceiro trimestre deste ano, que a TV Cabo perdeu 34 mil assinantes até Setembro. Comercialmente, a SIC Mulher também cativa mais publicidade, que é explorada pela TV Cabo. Os fãs de Conan O'Brien ou Jay Leno, humoristas que ali tinham os seus "talks shows" com exibição regular, tem manifestado o descontentamento em blogs e criou-se mesmo um abaixo assinado como forma de protesto. Entre os seus produtos mais fortes estão "Seinfeld", "Everybody Loves Raymond". Na produção nacional "Biqueirada" e "Prazer dos Diabos".O canal SIC Comédia inaugurou a 18 de Outubro de 2004, na posição que pertencia à SICGold. De acordo com a Marktest, em Novembro foi o 14º emissão mais vista em Portugal.


segunda-feira, dezembro 18, 2006

Carlos Moura

- O que o levou a entrar no Stand-Up Comedy??

Foi um acidente de percurso. No início de 2003, alguém me mostrou um anúncio sobre o 1º Festival de Stand-Up Comedy, em Braga. Como tinha experiência de rádio e teatro e gostava deste género de humor, decidi inscrever-me, mais com o objectivo de conhecer pessoas e de me divertir. A coisa acabou por ser muito mais a sério do que inicialmente pensei, com um júri de luxo presidido por Raúl Solnado. Acabei por ficar em terceiro lugar e conhecer muita malta da área...

- Foi difícil ingressar neste tipo de comédia e posteriormente, o passo que para apresentador de televisão?

Não foi difícil; pelo contrário, as coisas sucederam-se de forma quase contínua... Graças ao Festival de Stand Up, comecei a ser convidado para actuar em bares e auditórios, ao mesmo tempo que a SIC me lançou o convite para ir ao "Levanta-te e Ri". A partir daí e depois de mais de duas dezenas de actuações no "Levanta-te", as coisas aconteceram naturalmente. Fiquei bastante surpreendido quando me convidaram para apresentador de televisão... Mas é tudo uma espécie de sucessão de eventos naturais. Não foi difícil mas tem sido trabalhoso: a maioria das pessoas não se apercebe de que tudo isto significa trabalho e método... 15 minutos de Stand-Up são umas quantas páginas A4 de textos, que representam tempo e insistência, muitas notas e muitas, muitas horas de tentativas...

- Deixar a local onde nasceu para ir viver para Lisboa foi complicada essa adaptação?

Eu nasci em Moçambique e saí de lá com 2 anos, por isso não foi difícil... Agora a sério: eu, além de estar habituado a mudanças, gosto de Lisboa. É uma cidade com vida, com ritmo. E sinto-me bem, apesar das saudades de alguns amigos mais distantes.

- Soube que a sua carreira não se baseia apenas numa área restrita, para além de apresentador de televisão, humorista, já exerceu actividades completamente distintas, é verdade?

Sim, já fiz um pouco de tudo... Com 15 anos andei nas obras durante as férias para conseguir dinheiro para as férias... Desde então, trabalhei 10 anos em rádio, fiz fotografia (que ainda faço como hobbie) e trabalhei três anos como designer gráfico, que ainda considero a minha profissão paralela... Isto além de alguns biscates enquanto miúdo... Sempre gostei de me mexer, sei lá.

Que projecto tem em mente para um futuro próximo?

Muitos, espero conseguir concluir alguns deles... Para já, estou a preparar uma série de humor para a televisão, estou a acabar uma peça de teatro e tenho um livro em banho-maria. Além disto, continuo a fazer comédia Stand-Up, é uma espécie de ginástica que me apetece manter para ficar em forma.

Qual o seu objectivo máximo a nível profissional?

Fazer o que gosto e viver disso. Esse é o meu maior objectivo. Gostava de experimentar cinema, por exemplo. E de conseguir fazer com que as pessoas pensem em coisas sérias com um sorriso nos lábios.

- É difícil viver apenas do Stand-Up Comedy em Portugal?

É muito difícil. Não temos Clubes de Comédia, espaços especializados ou um circuito de actuações que garanta sustentabilidade, o que impede a existência de um fluxo seguro de rendimentos. Mas com algum jogo de cintura e algumas gargalhadas, a coisa aguenta-se. Mas pelo menos, é uma profissão divertida, mesmo quando só nós lhe achamos piada...

CARLOS MOURA - O perfil

Nome: Carlos Moura

Idade: 31

Signo: Balança

Prato Preferido: qualquer um na companhia de amigos

O que mais adora: sentir que estou a ser produtivo

O que mais detesta: sentir que não estou a ser produtivo

Alguém que admira: Douglas Adams

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Opiniões sobre a Comédia Lusa

Esta Opinião, vem daqui.


Levanta-te e Chora


Vós, caros compadres de desterro, decerto haveis já reparado que essa infâmia televisiva entre nós conhecida por Levanta-te e Ri, chegou na passada segunda-feira ao fim (não me perguntem o dia e a hora que eu sou péssimo pa essas merdas).Recorrendo-me agora do banal regsito de língua popular/corrente com que esses senhores (atarracados, sem pescoço e sem categoria) nos presentearam semana após semana, fazendo-no alternar entre o "oh meu deus!" e o sufoco em gargalhadas compulsivas.
E porquê?
Perguntem todos aí em casa: PORQUÊ?!
Porquê estarei eu aqui a divagar sobre esse malfadado programa insultado pelos puritanos e sábios comediantes dos Malucos do Riso e rebaixado pelo JetSet tortuguês?
Se calhar por isso mesmo. Se calhar por ter sido diferente do Herman e dos seus tiques homossexuais que já não passam despercebidos a ninguém, do humor rasca de Malucos, Batanetes, Prédio do Vasco, Revista entre (infelizes) bastantes outros, por se ter virado para um público diferente.
Por ter chamado gente diferente para fazer algo que não se fazia. Porque aquele Horácio era genial. Porque o Bruno Nogueira foi lá que apareceu, e a minha visão do mundo seria bastante mais cinzenta sem a influência destes dois senhores. Porque foi o Levanta-te e Ri que deu uma maior visibilidade a projectos como Gato Fedorento, Cabaré da Cocha, Homem que Mordeu o Cão, que de programas dedicado a tribos passaram a ser procurados pelo grande público que percebeu que não tinha de ser cultural e obrigatoriamente burro. Muitos se lançaram com a stand-up e graças a ela uma onda ar fresco rejuvenesceu o país e o país, esse ganda maluco, suspirou de alívio.
Eu pelo menos não consigo conceber a minha retorcida adolescência sem "puta que pariu é pó bujão", sem piadas sobre pescoços inexistentes, sobre o "senhor do bolo", sem um gajo que anunciava a sua chegada de braga com histórias do mais rebuscadamente divertido que alguma ouvi, sem teorias sobre a origem motoqueira de Jesus Cristo, sem fados manhosos nem "yestermaines", e sem muitos outros mitos, igualmente marcantes áquelas expressões que o Gato Fedorento celebrizou.
Mas tudo morre.
Até a comédia morre.
Bruno Nogueira fartou-se de ser visto como o arauto de uma arte menor e abandonou a guerra. Já nessa altura proliferavam os Serafins e afins e imitações baratas, que minavam o programa por dentro, visando a sua aniquilação total. Fernando Rocha era mais um bibelô bizarro que havia lá em casa. Ricardo de Araújo Pereira desaparecera. Nilton só tinha olhos para a K7. Aldo Lima brutalmente desinsipirado. E quando a única coisa que nos deixava esperançados quanto a um futuro melhor era a confiança cega daquele homem de blazer negro e nome esquesito, eis que ele, O Horácio também fechou a porta.
O país tremeu.
Quem correria os teatros? Quem lançaria piadas secas como um jogador de futebol? Quem cantaria foleirices? O que seria do país sem o Horácio, agora que ele era a sua única razão de viver?Da indignação ao boicote foi um salto. Ninguém queria o Levanta-te e Ri. Era como se de uma namorada-que-não-nos-contou-toda-a-verdade-acerca-dela se tratasse.
Horácio o Desejado não teve outro remédio senão voltar perante os apupos da turbe em fúria.E assim o espírito não morreu de imediato.
A vontade de não o deixar morrer, e não a vontade de viver, foi o que o manteu vivo. Até Rocha parecia renovado. Mas já tudo era notória e incontornavelmente diferente. Nada, nem teatros cheios, nem piadas foleiras, nem críticas exacerbadas (que na verdade já ninguém lhe fazia) poderia salvar o Lévante et Galhofe. A morte lenta era o caminho e o destino.
Por isso é com honesta melancolia que vejo o Levanta-te e Ri acabar.
A qualidade faltava é certo, e eu já mal o via, mas aquele foi O programa.
Aquele que me fez aturar o Serafim a contar histórias alentejanas só para ouvir o João Seabra fazer teorias sobre cagalhotos. Foi o programa aonde vi o Bruno Nogueira com aquela sua expressão imperturbavelmente séria a dizer mal do Castelo Branco. Foi lá que pela primeira vez que ouvi falar de Ricardo de Araújo Pereira, o tal dos Gato. E o Horácio... essa lição de vida que é Marco Horácio.
Tudo morre. Tudo o que é bom, morre.
Mais tarde ou mais cedo. Pena ter morrido assim.Já nada será o mesmo.O país ficou sem dúvida mais pobre

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Rouxinol Faduncho

Um ano após o lançamento do primeiro disco de Rouxinol Faduncho, está de volta o personagem que reacendeu o fado humorístico, "após 40 anos sem se lhe ver rasto", com o álbum "Best on". Todavia, quem acede dar a entrevista ao Jornal de Notícias é o actor e humorista Marco Horácio, até porque Rouxinol Faduncho é apenas o seu "alter-ego".

"Best on" é hoje apresentado, pelas 21.30 horas, no auditório Ruy de Carvalho, em Carnaxide. O espectáculo gratuito será filmado com a intenção clara "de apresentar este projecto à RTP, ou a outra televisão qualquer". Em último caso, "poderá surgir a ideia de se gravar apenas um DVD". No entanto, Rouxinol Faduncho "não se trata apenas de um sketck humorístico com uma participação pontual". Este personagem tem vida própria.
"Ex-emigrante na Alemanha, é dono de uma quinta em Barcarena onde faz criação de cães de loiça - dos maiores até aos mais pequenos". Pelo meio, "concorreu a uma grande noite do fado, onde alcançou um honroso terceiro lugar, num concurso com apenas três participantes", retrata Marco Horácio.

Para o jovem humorista, "Best on" de Rouxinol Faduncho é, assim, "a continuação da saga, um trabalho amadurecido, sobretudo, pela rodagem em estrada." E acrescenta "Em média tinha duas mil pessoas nos meus espectáculos ao vivo. Fiz inclusive quatro Queima da Fitas e a aceitação por parte do público foi sempre fantástica". Já para o artista Rouxinol Faduncho a razão para produzir um novo trabalho discográfico é simples "Como conseguimos enganar as pessoas com um primeiro CD, decidimos lançar agora um segundo". Alertando a 'gaijada' para o facto de, assim, ter nascido "o maravilhoso mundo que é este segundo trabalho fonográfico, que se intitula 'Best on', porque está ligado".
Ainda que os espectáculos vivam do humor de um personagem que acabou de editar agora "uma colectânea com os maiores sucessos de uma longa carreira de sensivelmente um ano", Marco Horário assume este trabalho de uma forma "muito séria". O actor que assinou todas as letras, fez questão de se rodear "dos melhores músicos de fado" João Veiga (viola), Paulo Valentim (guitarra portuguesa) e Rodrigo Serrão (viola baixo).

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Rui Xará

Em entrevista ao Póvoa Semanário e à Rádio Mar, e à margem do aniversário, Rui Xará confessou que quando entra para um espectáculo tem sempre "grandes expectativas", apesar de reconhecer que, agora, o seu entusiasmo está mais concentrado no programa "Partir o Coco" que foi para o ar, na antena dos 89 FM, na passada segunda-feira. É que, justificou, ali no Auditório, a plateia não pretendia assistir a um espectáculo de humor, tanto mais que, e segundo Rui Xará, a assistência era constituída, sobretudo, "por Floribellas". E por isso mesmo, e à semelhança do que tem previsto para a Rádio, o humorista anunciou que vai ter "algum cuidado com a linguagem". Não pode "correr o risco de ferir susceptibilidades". Apesar de, sublinhou, ser algo que gosta "muito de fazer". Porquê? "A maior parte das pessoas, cujas susceptibilidades são feridas, só o são por hipocrisia". É que na vida real fazem "coisas bem piores do que aquelas que acabaram de ouvir". Por outro lado, prosseguiu, também é verdade que "o palavrão faz parte da nossa vida".
Para Rui Xará, e seguindo ainda a problemática ou a temática do humor, há uma forma ainda mais elevada de o fazer, que não é a "Stand Up Comedy", mas sim o cartoonismo. "Um gajo que consegue, em três quadradinhos, pôr as pessoas a rir, é brilhante". No caso da Stand Up, o que nós tentamos fazer é "ir para junto das pessoas, abaná-las e dizer-lhes para estarem atentas ao que se passa à sua volta". "Se fizermos uma piada sobre política, é para alertar!". O humorista também lamentou o facto de hoje, as pessoas continuarem a salvaguardar-se na religião, nos "santinhos e nas procissões de joelhos". E é neste contexto que Rui Xará gosta de "espicaçar".
E porque na noite da festa da rádio estava a actuar para uma plateia onde o público-alvo predominante era "abaixo dos 15 anos ? que só vêem os "Morangos com Açúcar e a Floribella" e só sabem o nome do primeiro-ministro porque o ouviram muitas vezes", ficaram de fora as piadas ditas "inteligentes". E exemplificou: se disser que "na Palestina as mães quando levam os filhos ao autocarro anunciam: ?lá vai o meu rebento?, ninguém se vai rir disto porque não percebem a subtileza do trocadilho". O segredo do sucesso nestas actuações é, referiu, "o enterteiner conseguir que o público, no final do espectáculo, se adapte ao que está a dizer, e não o contrário".
E também é verdade que o sexo é sempre algo que "pega" pois as pessoas gostam sempre deste tema. Aliás, ironizou, "quando Deus inventou o sexo mostrou o seu sentido de humor!". A terminar, referiu, que nesta fase que atravessamos, "as pessoas precisam cada vez mais de se rir". O curioso, apontou, "é como é que as pessoas se conseguem continuar a rir". Primeiro, porque, e tendo em conta os aspectos sérios, "não dá vontade de rir ou já só dá vontade de rir". E segundo, é que, e devido ao facto de nos últimos dois anos ter havido um surto de "humoristas", há que ter cuidado "para não se cair na repetição, o que pode provocar algum cansaço". Quando isso acontece, "pode recorrer-se à anedota, que é a melhor forma de preservar o humor".
E apesar de considerar que o termo "Stand Up Comedy" começa a estar vulgarizado em Portugal, acha igualmente que este tipo de humor não começou da melhor forma no nosso país. O "Levanta-te e Ri", o programa da SIC, que lançou estes humoristas, não é "Stand Up Comedy". Porque "não é num teatro, com pessoas sentadas de braços cruzados, que vamos conseguir diverti-las". Esta fórmula implica, explicou, "um bar, onde se fuma e se bebe e há gajos que aplaudem se gostam, ou insultam, caso não gostem".
A outra grande intervenção da noite foi a de Paulo Baldaia que trabalha no aeroporto Sá Carneiro e, nos tempos livres, ?faz humor?. Aliás, e a propósito da sua actividade profissional, lembrou que o aeroporto do Porto deve ser o único no mundo que "tem o nome de uma pessoa que morreu num acidente de avião". Uma ironia mórbida que também fez rir a plateia. Em entrevista ao Póvoa Semanário, explicou que não prepara espectáculos, porque há que dar uma "espreitadela" para o público para ver "como é". A partir daí, é que tem "alguns cuidados".
Também Paulo Baldaia defende que as pessoas "precisam destes momentos de humor porque a vida não está para rir". Além de que, "faz bem a saúde e, a seguir à natação, é a actividade que movimenta mais músculos". O Stand Up Comedy teve um "boom" com o programa "Levanta-te e Ri", mas depois estagnou um pouco, sobretudo com a chegada do Verão. Agora, e mesmo depois de o programa ter acabado, esta fórmula voltou a ser requisitada. "As pessoas estão mais receptivas também porque já não vêem este tipo de actuação na televisão". Em relação à rubrica "Partir o Coco", Paulo Baldaia espera, desde logo, "que as pessoas se riam". Depois, defendeu, e porque se trata de um programa transmitido a nível local, é certo que quem ouve estas rádios "são, normalmente, pessoas mais apaixonadas pelos cantores e por aquilo que ouvem".
Depois destas entrevistas, abriram-se as cortinas e começou o espectáculo com críticas à TVI, que teve uma apresentadora do jornal Nacional que já trabalhou num circo. Rui Xará relembrou que, nessa altura, "Manuela Moura Guedes abria a boca para o leão meter a cabeça". Com humor, música e números de ginástica, a noite terminou em grande com uma actuação conjunta de Rui Xará e Paulo Baldaia. As cortinas fecharam-se cerca da 00h30 com os parabéns à Rádio Mar. No próximo ano, haverá mais. Até lá, ficamos consigo e com muito prazer!

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Gato Fedorento VS Penim

Um mês depois de O Gato Fedorento ter batido com a porta da SIC, o director da SIC Radical fala sobre o assunto. Numa altura em que no mercado televisivo se ventila a hipótese de Francisco Penim vir a ocupar um alto cargo executivo na SIC generalista, um dos homens em quem Balsemão mais confia aceitou falar ao DN sobre os dois casos que agitam Carnaxide. Uma entrevista prudente, feita de muitos silêncios...
Como se sente por ter perdido o Gato Fedorento?
(pausa) Não quero falar sobre isso.
Já se ouviram quase todas as partes ligadas ao processo. Só falta você falar...
É um assunto interno da SIC, entre mim, o Manuel Fonseca e os Gatos e eu não faço mais comentários.
Ao não fazer comentários, está a alimentar mais essa polémica...
Não vai adiantar nada, não vai mudar o desfecho das coisas.
Não quer alimentar guerras?
(pausa) Sim, não vale a pena.
Mas há alguma guerra para alimentar...
(silêncio)
A sua versão não serviria para desanuviar o clima de intriga palaciana criada ao redor do caso?
Acho que não. Qualquer palavra minha sobre os Gatos pode ter uma segunda interpretação.
Os Gatos queixaram-se de não terem sido ouvidos quanto à exibição de episódios na SIC generalista. As minhas responsabilidades não são perante a SIC generalista. E como director dos temáticos, digo-vos que os Gatos vão continuar no ar, enquanto os direitos permitirem.
Mas não é a mesma coisa...
Não sei. Os Gatos tiveram zero por cento de audiência na sua estreia e hoje as repetições têm muito mais. E vou continuar a repeti-las. Tenho esses direitos e vou usá-los.
Mesmo se os Gatos aparecerem num outro canal da concorrência?
Não tenho isso pensado, mas não vejo qualquer problema.
Costuma dizer que é um treinador que gosta de falar com os seus jogadores sobre a táctica. Admite que a saída dos Gatos poderia ter sido evitada se o outro treinador tivesse a mesma lógica?
(risos) Não vos vou responder a essa pergunta. Desculpem.
Percebe que uma não resposta é uma espécie de consentimento?
Percebo (risos). Mas não digo mais nada sobre isso. Eu não tenho responsabilidades nesse campo.
Esta entrevista é enigmática e o seu silêncio revelador. Tem consciência?
(risos) O silêncio será interpretado da forma que as pessoas quiserem.
A sua relação com os Gatos era de amizade ou meramente profissional?
Sou amigo dos Gatos.
Portanto, a relação com a SIC deriva de uma relação Gatos-Penim...
(pausa) Eu lembro-me do dia em que os Gatos chegaram à SIC com uma mão à frente e outra atrás e me disseram "Eh, pá, vê lá se isso tem piada..." Não me esqueço.
Porque é que achou relevante recordar esse episódio?
Porque não me esqueço disso.
Mas no contexto dos seus silêncios, dizer isso agora pode ser entendido como um recado aos autores...
Eu não tenho que lhes mandar recados, porque ninguém se vai esquecer que o fenómeno Gato Fedorento acontece na SIC Radical.
Ao passar episódios na SIC generalista, a empresa violou algum acordo?
Não. Contratos são contratos. E as pessoas têm de respeitar isso. Legalmente, a coisa podia ser feita.
E moralmente? Admite que tenha havido qualquer falha de comunicação?
(pausa) As pessoas têm de viver com as atitudes que tomam. E a minha atitude é esta. O meu silêncio é muito importante neste caso.
Tem esperança que os Gatos reconsiderem a sua posição?
Parece-me inevitável que as pessoas honrem as suas decisões. Eu não volto atrás com a minha palavra, ou seja, não quero falar mais sobre este assunto.
Admite, algum dia, vir a contar tudo o que lhe apetece dizer agora?
Eu não tenho resistência à mudança. Admito falar mais tarde.
Mas é porque ainda é cedo para falar ou porque o ambiente actual na SIC é propício a várias leituras?
Na minha vida profissional nunca liguei a rumores, nem alimentei boatos. Acho que todo este processo Gato Fedorento é absurdo. E eu não gosto de coisas absurdas.